Comunidades de Aprendizagem Transformativa para a Inclusão Educativa (CATIE)

Investigador responsável pela equipa do IE-ULisboa

Luís Tinoca

Equipa

Ana Paula Caetano (Co-IR)

Amélia Marchão

Ana Pedro

Ana Sofia Pinho

Ana Sofia Santos

Carolina Carvalho

Catarina Sobral

Elsa Biscaia

Feliciano Veiga

Fernando Costa

Filomena Rodrigues

Gilda Pereira

Isabel Freire

João Piedade

Maria João Mogarro

Maria José Martins

Maria Teresa Oliveira

Neuza Pedro

Otília Sousa

Sofia Freire

Teresa Leite

Doutorandos

Daniela Semião

Susana Gomes

Tiago Tempera

Cláudia Viera da Silva

Instituições participantes

Instituto Politécnico de Portalegre (IPPortalegre)

Resumo

A inclusão educativa é hoje reconhecida como a forma mais eficaz de concretizar o direito de todas as crianças e jovens a uma educação de qualidade, porque parte do reconhecimento e da valorização da diversidade para propor uma mudança na organização da escola, dos currículos e do processo ensino-aprendizagem. Em Portugal, o Decreto-Lei 4/2018, refere que a escola deve providenciar respostas ajustadas à diversidade de características dos alunos com a adequação dos processos de ensino e mobilizando diversos meios para a aprendizagem e participação. Contudo, organizar a escola, os currículos e o processo ensino-aprendizagem para dar uma resposta à diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem, de interesses, motivações e expectativas, e à diversidade cultural, linguística, e socioeconómica não é um processo fácil. Este processo requer, num primeiro momento, uma sensibilidade e reconhecimento desta realidade e, num segundo momento, uma mudança de crenças e práticas que permitam encontrar respostas ajustadas a essa realidade.

A formação em contexto de trabalho, que inclua uma componente prática, deliberativa e reflexiva de pendor ético, ecológico e crítico, envolvendo processos colaborativos entre professores tem sido apontado pela nossa equipa como um fator facilitador de mudança. Contudo, por vezes a colaboração entre professores envolve apenas uma reflexão superficial que não permite colocar em perspetiva um conjunto de conhecimentos e crenças prévias, não levando a efetivas mudanças de práticas. E nesse sentido, alguns estudos têm vindo a apontar a importância de se desenvolverem parcerias escola-universidade, no seio das quais se podem trocar ideias e experiências e avaliar e refletir sobre as práticas à luz de novos conhecimentos. Para além disso, alguns estudos têm vindo a apontar a importância de se considerar as vozes dos alunos, no sentido da sua participação ativa na tomada de decisões e da promoção de participação nas suas comunidades escolares, mas que poucos processos de intervenção efetivamente o fazem.

Com base nisto, perspetivas sistémicas de intervenção na escola têm vindo a ganhar força e, em particular, o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem na escola, envolvendo não só professores, como também alunos e outros elementos da comunidade educativa. As Comunidades de Aprendizagem Transformativa (CAT) surgem aqui como uma proposta de criação de contextos de colaboração pautados por uma orientação sócio-reconstrucionista e propósitos emancipatórios, que possam dar resposta a necessidades sentidas nas escolas, dando origem a aprendizagens transformadoras dos diversos participantes). Com efeito, as CAT, ao facilitar a pesquisa e a reflexão crítica em conjunto, podem favorecer a mudança de pensamento e de práticas, a criação de laços e a transformação da cultura escolar no sentido de uma maior equidade, com ganhos significativos no comportamento e aprendizagem dos alunos. Para tal, é fundamental a criação de estruturas de participação, que incluam a organização de espaços e tempos de encontro, a formação de equipas de trabalho interdisciplinar e o desenvolvimento de processos colaborativos eficazes.

Apesar de inúmeros estudos focados em comunidades de aprendizagem, poucos têm explorado de que forma as comunidades podem facilitar o desenvolvimento de escolas inclusivas, i.e., de escolas capazes de dar resposta à diversidade de necessidades, ritmos, expectativas, envolvendo todos os alunos em experiências de aprendizagem ricas e estimulantes, e na participação ativa e em relações significativas com os outros.

Assim, este projeto tem como principal objetivo compreender de que forma o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem transformativa, centradas na questão da diversidade facilita o desenvolvimento de uma escola inclusiva. Para tal, serão aprofundadas parcerias entre escolas e instituições do ensino superior (IES) no sentido de desenvolver CAT procurando-se examinar os processos de construção das próprias comunidades, e os efeitos que estas comunidades têm no desenvolvimento de escolas inclusivas.

Dada a natureza participativa deste projeto, adotamos uma abordagem de Design Based Research (DBR), valorizando o foco num problema concreto que as escolas enfrentam atualmente (inclusão educativa) e o desenvolvimento de uma proposta de intervenção (CAT que aprofundem a colaboração entre escolas e IES) para transformar e implementar processos de inovação educacional. Neste contexto o processo de design e reformulação interativa e cíclica, é fundamental para promover a aprendizagem transformativa, criar conhecimento utilizável e desenvolver teorias de ensino/aprendizagem contextualizadas em ambientes escolares complexos.

Período de desenvolvimento

10/2020 – 09/2023